E os alergênicos aí, como estão?
Quem tem medo de alergênicos?
No mundo dos alimentos, poucos temas merecem tanta atenção quanto a segurança dos consumidores alérgicos. Este assunto deve ser natural para cada gestor, dono de negócio ou profissional envolvido com produção de alimentos — seja artesanal, micro, pequeno ou grande porte. A presença de alergênicos mal gerenciada representa riscos que vão além da saúde: comprometem a reputação e a longevidade das marcas.
📊 Estatísticas que não podem ser ignoradas
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30% da população mundial tem alergia; no Brasil, esse número pode chegar a 35%
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A prevalência de alergias alimentares é estimada em 2–10% da população global, mais comum em crianças.
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No Brasil, 6–8% das crianças abaixo de 6 anos têm alergia a alimentos.
Esses dados revelam um cenário onde cada rótulo, cada controle na produção e cada comunicação ao consumidor são um passo decisivo para evitar incidentes.
O que exige a legislação brasileira sobre alergênicos?
A RDC 26/2015 da Anvisa exige a indicação clara, em destaque, dos 17 principais alergênicos que causam reações graves:
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Trigo, centeio, cevada, aveia (e híbridos)
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Crustáceos, peixes, ovos, leite (incluindo mamíferos), amendoim, soja
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Diversas castanhas (amêndoa, avelã, caju, pará, macadâmia, nozes, pecã, pistache, pinoli)
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Látex natural
Além disso, recomenda-se alertar sobre a “contaminação cruzada” com expressões como “pode conter…” ou "contem" - mas existem regras para esta comunicação obrigatória pela Anvisa, e claro para a gestão dos alergênicos na produção.
Outros alergênicos exigidos internacionalmente (e que podem afetar brasileiros)
Fora desta lista estão alimentos que causam alergias em outras populações:
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Gergelim, kiwi, aipim – comuns nos EUA, Europa, Japão
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Látex – presente em produtos, embalagens e utensílios, exige cuidado especial
Ou seja, mesmo não obrigatórias no Brasil, essas substâncias podem causar reações graves em consumidores brasileiros.
Recall e riscos reais
Dados de 2004 a 2021 no Brasil mostram que 22,4% dos recalls alimentares foram por alergênicos ou glúten não declarados.
No sistema europeu RASFF, de 2020 a 2024, 241 notificações envolveram alergênicos ou glúten na rotulagem, sendo 74,3% por alergênicos não declarados. Nos EUA, entre 2008 e 2024, dos 650 recalls, 227 envolveram alergênicos ou glúten não declarados.
Esses números mostram que rotulagem equivocada ou contaminação cruzada são as principais causas desses recalls — e que não estão restritas a grandes indústrias.
Gestão de alergênicos: desafios e oportunidades
Para empresas menores, o desafio é enorme, pois envolve:
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Mapear fornecedores confiáveis e exigir laudos atualizados
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Separar áreas, equipamentos e turnos para cada tipo de alimento.
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Formar equipe e criar rotinas de limpeza validada.
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Garantir rastreabilidade completa de lotes e insumos.
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Comunicar com clareza no rótulo e na divulgação ao consumidor.
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Implementar plano de recall e comunicação de risco interna e externa.
Então, pergunto: sua empresa está preparada para dizer “Aqui gerenciamos alergênicos em nossa produção” — com ações firmes e posicionamento responsável no mercado.
Vamos conversar?
em 09/06/2025
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