Muito além do marketing: o rótulo como escudo do consumidor
A importância da rotulagem nutricional adequada e realista: mais que marketing, é saúde pública
Em um mercado cada vez mais atento à saúde e à transparência, o rótulo de um alimento deixou de ser apenas uma ferramenta de marketing ou posicionamento de marca. Ele é, sobretudo, um canal oficial de comunicação entre a indústria e o consumidor, transmitindo informações cruciais sobre o produto, especialmente no que diz respeito à composição nutricional e à presença de alergênicos.
Dados que alertam
A negligência na rotulagem pode ter consequências graves. Segundo dados do FDA, de 2008 a 2024, 650 alimentos sofreram recall, sendo 227 relacionados a alergênicos, e destes, 96,5% foram por alergênico ou presença de glúten não declarados no rótulo.
No Brasil, em 2024, houve 82 ocorrências de recolhimento de alimentos, totalizando 237 produtos. Grande parte desses recolhimentos esteve relacionada a falhas na rotulagem, registro e estudos de segurança dos ingredientes .
Alergias alimentares: uma realidade crescente
Estima-se que cerca de 200 milhões de pessoas no mundo apresentem algum tipo de alergia alimentar . No Brasil, aproximadamente 2% dos adultos e 8% das crianças até dois anos de idade têm algum tipo de alergia alimentar . Esses números reforçam a necessidade de uma rotulagem clara e precisa, que permita aos consumidores fazer escolhas seguras.
⚠️ Consequências de uma rotulagem inadequada
Uma rotulagem feita de forma inadequada pode comprometer a saúde do consumidor e a reputação da empresa. Além dos riscos à saúde, há implicações legais e financeiras, como multas, processos judiciais e a necessidade de recolhimento de lotes inteiros do mercado. A RDC 727/2022, por exemplo, dispõe sobre a obrigatoriedade de discriminar os alergênicos presentes nos produtos, seja por adição ou contaminação cruzada, quando o programa de controle de alergênicos não garante a ausência do alérgeno .
Um dos casos impactantes no Brasil ocorreu em 2021, quando uma marca de snacks foi obrigada a recolher lotes inteiros do mercado após constatação da presença de leite não declarado no rótulo — o que levou ao atendimento de crianças com alergia à proteína do leite em pronto-socorros. A empresa foi autuada, enfrentou ações judiciais e danos à reputação.
Segundo a RDC 727/2022 da Anvisa, é obrigatória a declaração de alergênicos, inclusive em casos de possível contaminação cruzada quando não há controle efetivo.
Boas práticas em rotulagem
Para garantir uma rotulagem nutricional adequada e realista, é essencial:
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Conformidade com a legislação: seguir as normas estabelecidas pela Anvisa e demais órgãos reguladores.
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Transparência: informar de forma clara e precisa todos os ingredientes e possíveis alergênicos.
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Atualização constante: manter-se atualizado sobre mudanças na legislação e nas melhores práticas do setor.
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Educação do consumidor: promover a compreensão das informações presentes nos rótulos, facilitando escolhas conscientes.
Rotulagem nutricional: um compromisso com a segurança e a confiança
No meu trabalho com rotulagem nutricional, atuo com um princípio muito claro: mais do que atender à legislação ou criar uma boa apresentação para o mercado, o rótulo de um alimento é um compromisso direto com a saúde do consumidor. É ele que comunica, com precisão e responsabilidade, o que há dentro de cada produto.
Cuidado desde a fórmula
Ao iniciar um projeto com meus clientes, analiso cada linha da fórmula com atenção técnica: identifico a presença de ingredientes que possam conter glúten, lactose ou alergênicos — mesmo que sejam traços oriundos de matérias-primas. Avalio também a presença de corantes artificiais e outros aditivos que exigem destaque no rótulo. Para isso, me debruço sobre as fichas técnicas dos ingredientes e uso uma planilha que eu mesma desenvolvi ao longo dos anos. Nela, aplico as exigências da Anvisa, como arredondamentos, limites mínimos, tamanhos de porções e critérios específicos por tipo de embalagem.
Legislação: estudo contínuo que vira rotina
Quando a nova legislação sanitária de rotulagem entrou em vigor, houve um impacto — como em toda mudança relevante. Estudei profundamente as RDCs 429/2020 e 727/2022, além da IN 75/2020, até incorporar esse conteúdo com segurança ao meu processo de trabalho. Mesmo assim, cada novo rótulo é uma nova verificação. Faço questão de checar as normas vigentes antes de qualquer entrega, porque a legislação evolui — e meu compromisso com o rigor técnico também.
Revisão final: nada passa sem conferência
Após entregar todo o conteúdo técnico, o rótulo é diagramado por designers. Mas o trabalho não termina aí. Antes de ser aprovado, o rótulo sempre volta para mim — e faço uma revisão minuciosa para garantir que tudo esteja em conformidade com a IN 75: desde a ordem dos elementos até o destaque correto para alertas de alergênicos e o campo de rotulagem nutricional frontal, se aplicável. São muitos detalhes. E é exatamente esse cuidado que dá tranquilidade aos meus clientes para colocar seus produtos no mercado com segurança.
Mais que uma obrigação: é ética profissional
Rotular corretamente não é apenas seguir a lei. É proteger a saúde, respeitar o consumidor e demonstrar profissionalismo. Faço isso com rigor porque sei o impacto que um bom rótulo tem — para a segurança de quem consome e para a confiança de quem produz.
Se você busca apoio técnico para criar ou revisar os rótulos da sua marca com segurança, transparência e credibilidade, conte comigo.
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