O salto da Confeitaria para o Chocolate Bean to Bar: O que você precisa saber para atender à Anvisa?
Se tenho uma produção de doces e quero iniciar produção de chocolates bean to bar, qual o caminho?
Nos últimos anos, tenho acompanhado de perto um movimento cada vez mais frequente no setor de alimentos: empreendedores que já produzem doces de confeitaria artesanal desejam dar um passo além e iniciar sua própria produção de chocolate bean to bar.
Como consultora com quase 30 anos de experiência em boas práticas de fabricação (BPFs), atuando com muitas marcas de confeitaria, sobremesas, bolos e doces, além de dezenas de projetos de produção de chocolates bean to bar em todo o Brasil, posso afirmar com convicção: essa transição é possível — mas exige muito mais do que afinidade e paixão pelo chocolate.
Doces e chocolate bean to bar: o que muda?
Embora à primeira vista possa parecer uma extensão natural do negócio, a produção de chocolate bean to bar demanda uma estrutura de trabalho com especificidades importantes — especialmente no que diz respeito às boas práticas de fabricação, à segurança sanitária e à rotulagem.
Isso porque, ao transformar o cacau em chocolate na própria fábrica, o empreendedor passa a lidar com matérias-primas sensíveis, processos controlados e normas mais exigentes. Misturar essa produção com a de sobremesas que contêm ingredientes como farinha de trigo ou leite, por exemplo, pode trazer riscos de contaminação cruzada, afetando tanto a qualidade quanto a conformidade legal dos seus produtos.
Cuidado com os contaminantes e os alergênicos
Um dos erros mais comuns que vejo em projetos mal planejados é o chocolate não sair com o rótulo "contém glúten" ou "pode conter trigo e derivados", simplesmente porque a área de produção e/ou a equipe são compartilhadas com a confeitaria, mas o empreendedor não estava atento à esta possibilidade de contaminação cruzada.
Além do impacto direto na qualidade e na proposta do bean to bar — que muitas vezes é buscado por consumidores que prezam por um produto mais puro e rastreável — isso pode afetar o posicionamento de marca e até restringir o público final.
Replanejamento de fluxos e exigências legais
Um ponto crucial dessa transição é o redesenho dos fluxos internos de produção, visando otimização, segregação e conformidade com as BPFs exigidas pela Anvisa.
Na prática, isso significa:
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Rever os espaços físicos e sua lógica de uso;
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Criar ou adaptar o Manual de Boas Práticas de Fabricação, incorporando os novos processos;
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Treinar a equipe para práticas específicas da produção de chocolate;
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Garantir que toda a operação esteja em conformidade sanitária — não apenas o chocolate, mas todos os produtos da empresa;
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Atender às exigências de rastreabilidade, controle de qualidade, rotulagem e armazenamento.
É possível, e pode ser uma virada de chave para o negócio
Apesar dos desafios técnicos e estruturais, a produção própria de chocolate bean to bar traz inúmeros ganhos:
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Qualidade e controle total sobre a matéria-prima;
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Valorização do produto final, com identidade única;
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Aproximação com a cadeia do cacau e fortalecimento de narrativas de origem;
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Diferenciação no mercado e ampliação de margens.
Mas tudo isso só é possível com um planejamento minucioso, que leve em conta todas as obrigações legais, estruturais e operacionais.
Posso ajudar
Atuo há anos em projetos de transição e adaptação de estruturas de produção, tanto para negócios consolidados quanto para novos empreendimentos. Acredito que unir conhecimento técnico com sensibilidade de mercado é essencial para criar soluções sustentáveis e eficazes para cada realidade.
Se você está pensando em migrar da confeitaria tradicional para a produção bean to bar — ou deseja incorporar o seu próprio chocolate aos seus doces — conte comigo para desenhar esse caminho com segurança, visão estratégica e total conformidade legal.
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